Mario Adnet, Neffe
Desde pequeno admirava e me orgulhava muito de meus tios pianistas da Escola de Viena, Carmen Adnet Graf, irmã de meu pai, e Hans Graf, seu marido. Tive a oportunidade de assistí-los nos palcos do Theatro Municipal e da Sala Cecilia Meirelles, no Rio de Janeiro, algumas vezes. Tivemos uma convivência muito próxima, morei com eles por um ano, primeiro nos Estados Unidos, e depois em Viena, Austria. Tio Hans fora convidado para uma residência na Universidade de Indiana por dois anos e meio. No último período, de janeiro a final de abril de 1975, morei com eles em Bloomington e depois em Viena, até o final do ano. A convivência diária com eles e seus estudos e ensaios me ampliaram os horizontes musicais.
Depois dessa residência nos EUA meus tios iriam voltar a Viena e me convidaram para passar o resto do ano com eles. Lá estudei alemão na Universitat Wien (Wiener Internationale Hochschulkurse) e na Austro-American Society, além das aulas particulares de música, sempre com supervisão de tio Hans, que fazia questão de me ajudar a escrever as músicas que compunha, além de tocá-las. Com um aluno dele, que fazia também orquestração na universidade, o pianista português Armando Mota, hoje maestro, tive contato pela primeira vez com uma grade de orquestra. Lembro também que tio Hans combinou um jantar com o professor de violão da Academia para avaliar o nível da minha performance no instrumento. O professou gostou muito da minha mão esquerda no braço do violão. A direita... Lembro de frequentar concertos quase todas as noites. Também conheci a obra de alguns de meus ídolos musicais, como Maurice Ravel e Claude Debussy, através da enorme discoteca que tinham em casa. Eles me orientavam inclusive na compra de discos, como no caso de Ravel, recomendavam o regente e amigo pessoal do compositor, Ernest Ansermet e sua Orchestre de La Suisse Romande.